sábado, 8 de maio de 2010

Talvez não seja verdade.

E então, eles se encontraram, às escondidas, após meses sem se verem ou se falarem. O discurso feminino foi sôfrego, em palavras quase mudas, sussurradas com dor. Seguiu-se assim:
Ele: -Tenho saudades de você...
Ela: - Eu também... Mas nós sabemos que é melhor você ficar com ela. (Ela, aquela que ele agora mantinha um compromisso. É, aquele que eles nunca tiveram, que ele nunca quis ter.) Ela é melhor do que eu. Fisicamente, é óbvio, não é difícil perceber o quão mais bela ela é do que eu.
Ele: - Não diga bobagens, você é linda!
Ela: - Que fosse... O importante aqui não é que você fique com a mais bonita e sim com a melhor pra você. E digo, e repito, e insisto e tenho convicta: É ela. Sou assim, errada, torta e estranha... Tenho no peito aquelas curvas das montanhas-russas, subo, desço, rodopio, giro, giro, saio dos trilhos e volto ao ponto inicial.
Ele: - Eu gosto de você.
Ela: - Eu te amo. Mas não fui feita para amar e ser amada. Sou amor platônico em essência, sou puramente platônica. Faz assim: Deixe-me te amar longe, que eu sei como fazê-lo, sei como
transformar minha solidão em força vital.
Ele: - Como você quiser. E calou-se.
Como sempre. Ele sempre se calava. E ela queria que ele gritasse, pedisse para que ela ficasse, que tomasse-a pelos ombros, puxasse-lhe os cabelos para que não fosse.
Mas não. Ele não dissera nada. Como sempre. Silêncio. Sempre.
E ela foi embora. Querendo ficar. Como sempre.

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