sábado, 7 de abril de 2012

"O poeta não morreu..."


Era mais ou menos assim: Ela tinha seus dez-e-poucos anos e ele era escorpiano. Pouca vivência e muita intimidade, desses casos raros hoje em dia. Entre fumaça, queriam ter nascido em outra época. Ela queria beijá-lo todo tempo. Em silêncio, conversavam pelos olhos pequenos, ou pela batida nervosa dos dedos dele no violão e a voz rouca de cigarros dela. Diziam tanto quando nada tinham a dizer. Eram garotos medrosos frente a tanta sincronia pois ele era tudo (ou quase) que ela desejara e ela talvez fosse tudo (ou próximo disso) que ele imaginara um dia. Ficavam naquelas de pequenas provocações, sorrisos de canto, brigas tolas e canções apaixonadas, esquecidas no tempo... De outros tempos. Tempos em que eles se encontrariam nos velhos shows de Elis ou Cazuza, completamente bêbados e loucos e talvez nunca se olhassem. Ou talvez se casassem ali mesmo, usando um lacre de cerveja como alianças. Quem sabe?
Ninguém sabe onde vai dar essas e todas as outras histórias das vidas alheias... Mas ainda há quem diga que nasceram um pro outro.
Maluca essa vida da gente...

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